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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

POLÍCIA DIZ QUE FILHO DE LÍDER RURAL FOI MORTO POR TRAFICANTES QUE QUERIAM TERRA PARA CRIAR CAVALO E APONTA CONFISSÃO DE SUSPEITOS

 


O garoto Jonatas Oliveira, de 9 anos, foi assassinado por pessoas envolvidas em tráfico de drogas que se desentenderam com o pai dele, o líder rural Geovane da Silva Santos, por causa de um pedaço de terra para criação de cavalos. É o que aponta a investigação conduzida pelo delegado Marcelo Queiroz, designado especialmente para o caso.

Dois homens foram presos e um adolescente apreendido na quarta-feira (16) por envolvimento no crime. Segundo o delegado, um dos homens e o adolescente confessaram a participação. O outro homem negou o envolvimento no crime. Ele acrescentou que pelo menos outras três pessoas estão foragidas. Duas delas são apontadas como responsáveis pelos tiros que mataram Jonatas.

O assassinato aconteceu em 10 de fevereiro, no Engenho Roncadorzinho, em Barreiros, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, distante 110 quilômetros do Recife. O garoto estava embaixo da cama com a mãe quando foi executado por homens encapuzados. Geovane levou um tiro no ombro.

Os detalhes sobre as prisões foram repassados pelas Polícias Civil e Militar, em entrevista coletiva, nesta quinta (17), um dia após as capturas. Segundo a corporação, outro suspeito de envolvimento, que está preso desde 2018 por outros crimes, também foi identificado. Ele seria o líder do grupo criminoso.

De acordo com o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), os dois suspeitos presos na quarta são Manoel Bezerra Siqueira Neto e Michael Faustino da Silva. A polícia informou que eles não possuem antecedentes criminais.

Os dois passaram por audiência de custódia nesta quinta e tiveram as prisões confirmadas. O nome do adolescente não foi divulgado em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Conflito agrário

Ao longo da investigação, movimentos sociais, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetape) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) apontaram que o crime teria relação com um conflito agrário na região.

Sobre essa possibilidade, a polícia afirmou que não pode descartar a questão envolvendo um conflito agrário.

"Nenhuma hipótese está descartada até o envio dos autos. Mas hoje a linha mais forte é essa questão envolvendo esse grupo criminoso especializado no tráfico de droga”, afirmou delegado Jean Rockfeller, diretor de polícia do interior.

O delegado Marcelo Queiroz afirmou que o primeiro passo para encontrar os suspeitos foi conseguir dois nomes de envolvidos. Eles estavam no Engenho Cocal, em Tamandaré, cidade que fica ao lado de Barreiros.

"Eles disseram que fazem parte de uma rede de droga da região. Um de seus líderes estaria interessado em um pedaço de terra para criar cavalos. Ofereceram um valor bem abaixo do mercado e o dono rejeitou. No linguajar deles 'ficaram na mágoa' e foram cobrar ao pai da criança", disse.

Ainda de acordo com a polícia, na tarde do crime, o grupo foi ao engenho, para "tentar pegar a terra". À noite, seis ou sete homens voltaram. Parte do grupo entrou na casa e rendeu a família.

"Eles atiraram no pai da criança, que conseguiu fugir. A versão deles é que acharam que o pai conseguiu se esconder embaixo da cama e alvejaram acidentalmente a criança. Preliminarmente a linha de investigação é essa. Há pessoas no sistema carcerário envolvidas com o crime”, acrescentou.

O delegado disse, ainda, que Jonatas levou três tiros. "Mais de uma pessoa disparou na criança", afirmou Queiroz.


Fonte: g1.globo.com/pe/pernambuco